Sexta-feira, 19 de Dezembro de 2008

2008

Não gosto do final do ano, não gosto de pensar no que fiz ou no que poderia ter feito; não gosto da memoria viva do que foi, da saudade ou da magoa que sinto quando faço a tão aclamada “retrospectiva”. Este ano, será diferente, se em outros chorei de alegria ou saudade, este choro pela dor de relembrar cada lágrima que deixei escapar dos meus olhos, cada noite em que passei sem fechar os olhos, de todas as vezes que me senti lixo, todas as pessoas que me abandonaram, toda a reviravolta que o meu mundo deu

2008. Se vou ler o primeiro texto deste ano, e o ultimo de 2007 apetece-me rir da minha ingenuidade, da minha parvoíce! Esperei, e desejei, um bom ano – repleto de sonhos e sorrisos, de abraços e alegrias. O que tive? Um rio formado com as lágrimas que deitei, um poço escuro onde permaneci. Foi o meu pior ano, sofri e pior que tudo, fiz os outros sofrer – quase levei à loucura quem mais me amava, só porque deixei de lutar e permiti que o mundo me matasse aos poucos sem fazer absolutamente nada.
Desejei mudar, desejei ser outro ser humano – um ser humano completamente o oposto do que era. Bati o pé, e prometi-me a mim mesma lutar sempre, sorrir ainda mais, e parar de me massacrar por algo que nunca iria mudar. O que fiz? O contrário, deixei de sorrir, parei de lutar e continuei a magoar-me e a desvalorizar-me por ser quem era, e por nada poder mudar.
Hoje pergunto-me, para quê? Tantos sonhos, tanta confiança – para depois, ser destruída, cair de uma falésia, deixar de acreditar, morrer… Tudo o que desejei virou-se contra mim; não fui feliz como pedi, não sorri como desejei, não mudei como implorei. Tornei-me no pior, na sombra que deambula pelo mundo à procura do nada, sem saber do tudo.
Este ano, não peço nada. Limito-me a dizer Adeus a 2008, sem saudade… apenas cicatrizes que marcaram e nunca mais irão desaparecer.
Pode parecer injusto para todas as pessoas que conheci neste ano, para as poucas coisas que de bom me aconteceu; mas a dor sobrepõe-se a tudo o resto, a perda, as lágrimas, as facas, as desilusões, tudo isso me deixa envolta numa nuvem baça que não deixa ver nada mais nada menos, que a imagem gravada na minha mente dos momentos que me foram provocando as cicatrizes que ainda hoje ardem. Não deveria ser, eu sei; mas não consigo dizer que foi bom, porque as cicatrizes ainda cá continuam e a dor ainda se sente.
Apesar disso, posso referir o único sonho que se manteve em todas as alturas, ou quase todas, o único sonho que fui capaz realizar – estive lá, por mais que tenha custado, por mais que tenha sofrido, consegui estar lá. O único que veio do início, e o único que realizei – outros vieram, e nenhum deles lá cheguei – mas conhecer pessoas fundamentais, como conheci, pode ser considerado uma luta que venci. Um medo que quebrei, e uma aventura a que me aventurei.
Adeus 2008, não deixas saudade.
Scribbles Meddlyn às 02:28
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